“Os Predim é Nóis” é um grande exemplo de como o incentivo à cultura pode transformar vidas e preservar a memória das comunidades; capacitação de jovens idealizada pelo projeto abre portas para mais oportunidades
Em 19 de junho, comemora-se em território nacional o Dia do Cinema Brasileiro, uma data dedicada a celebrar e conscientizar a população sobre a importância da área para a memória cultural do país.
Ela nasceu em homenagem ao dia em que Afonso Segreto, primeiro cinegrafista e diretor do Brasil, registrou as primeiras imagens em movimento em território nacional. O momento histórico ocorreu em 19 de junho de 1898, e as imagens mostravam a entrada da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Esse foi apenas o primeiro passo para uma área que se tornaria sinônimo de grandes sucessos, além de levar história, arte e cultura brasileira para todos os cantos do mundo.
No entanto, não é novidade que o meio passou – e ainda passa – por difíceis obstáculos. “O cinema faz parte da cultura de um povo e é uma forma de registrar a sua história. Mas a atenção a esse aspecto ainda deixa a desejar em nosso país. Temos muito o que mostrar e é importante que oportunidades sejam criadas para que as histórias ganhem vida”, conta Dalila Pires, Produtora Cultural.
Segundo Dalila, a melhor forma de enfrentar tais desafios é ter coragem de seguir mesmo com as dificuldades que surgem pelo caminho e buscar pelos apoios que já existem, seja por meio de leis de incentivo, editais da iniciativa privada ou então criar possibilidades por conta própria, através de campanhas de financiamento coletivo ou mesmo buscar por algum patrocinador. “Quando temos um desejo forte de realizar algo, não podemos nos deixar abater. Sei que muitas vezes as dificuldades parecem maiores do que somos capazes de suportar. Mas quando queremos mesmo uma coisa, temos que ir em busca”, ressalta.
Os Predim é Nóis
Um dos grandes exemplos de incentivo ao cinema nacional é o projeto “Os Predim é Nóis”. Este é um curta-metragem documental, com aproximadamente 25 minutos de duração, que apresentará o cotidiano do Residencial São José, cenário icônico da periferia de Belo Horizonte. O filme traz uma proposta colaborativa em que três jovens residentes no local vão dividir a direção do filme com a diretora Mônica Veiga.
A ideia desse modelo de produção é fomentar a presença de jovens periféricos no audiovisual enquanto contam, através das telas, a história do local em que nasceram. Para que esse objetivo seja concretizado, a equipe de produção escolheu 3 participantes através de uma seleção online, que ocorreu em maio. “Depois de selecionar os ganhadores, partimos para colocar a ‘mão na massa’. Antes de começarmos o processo de produção, iniciamos a capacitação desses jovens para que eles possam aprender a teoria e sua aplicação prática na produção audiovisual. Contar essa história através deles, que nasceram e ainda estão crescendo no icônico Residencial São José, será uma oportunidade única”, celebra a produtora cultural Dalila Pires, proponente do projeto.
A obra está inscrita no edital BH nas Telas, na categoria de Audiovisual Comunitário, que tem como objetivo democratizar e descentralizar a produção audiovisual. “Nossa ideia é descentralizar e democratizar o fazer artístico e, assim, promover valor em um espaço, até então, marginalizado”, frisa.
Para mais informações: instagram.com/
*Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, por meio do Edital BH nas Telas 2021.
Fonte: Dalila Pires, Produtora Executiva, proponente do projeto “Os Predim é Nóis”