Crédito: Bezalel dos Santos.
O teto de vidro e as duplas jornadas das profissionais tornam o mercado de trabalho mais desafiador para mulheres do que para homens
Um levantamento realizado em diversos países do mundo pelo LinkedIn apontou mais um exemplo de um grande problema da sociedade: em um meio ainda bastante dominado por homens, as mulheres enfrentam diversos problemas para se colocarem no mercado de trabalho. Isso porque, de acordo com o LinkedIn, a probabilidade das mulheres conseguirem realizar um networking sólido, através das redes sociais, é menor que a dos homens. A porcentagem disso é de apenas 27% no Brasil.
A especialista em marketing digital e empreendedora Lueva Evangelista define o que é o networking. “É basicamente fazer e manter conexões com pessoas que podem ajudar na sua carreira ou negócios. É construir uma rede de contatos profissionais, trocando informações, ideias e oportunidades. Imagine um bate-papo onde você conhece gente nova, compartilha suas experiências e, quem sabe, abre portas para futuras parcerias ou empregos”, explica.
Porém, conforme apontou o LinkedIn, entre uma das causas que atrapalham as mulheres profissionais está o teto de vidro. Este é uma metáfora que descreve a barreira invisível que impede que mulheres avancem em posições de liderança ou alcancem níveis mais altos em suas carreiras, devido a preconceitos, estereótipos de gênero e estruturas organizacionais machistas. Além disso, a tripla jornada de trabalho também interfere na ascensão profissional das mulheres. Pois é a sobrecarga enfrentada pelas trabalhadoras que, além de suas responsabilidades profissionais, também se dedicam às tarefas domésticas e ao cuidado com a família, resultando em um esforço longo e exaustivo que se estende por todo o dia.
Diante desses problemas enfrentados pelas profissionais, muitas não alcançam o emprego dos sonhos e acabam sofrendo com uma série de problemas físicos e psicológicos. E isso as impede, ainda que tentem, de conseguirem realizar um networking sólido, como ressalta a especialista Luanny. “O networking é um importante canal profissional para qualquer trabalhador e não é fácil construí-lo. Pois, requer do profissional inúmeras coisas, que às vezes, as mulheres estão sendo impedidas de realizar devido a toda estrutura do mercado. Por isso, a gente destaca que é importante que cada vez mais profissionais e empresas abram espaço para as mulheres. E não só abrir portas para nós, mas também permitir que tenhamos equidade no mercado”, finaliza.
Ainda dados do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), mostram outros pontos importantes sobre as mulheres no mercado de trabalho. Segundo o levantamento, em 2023 as empreendedoras do Brasil eram 82% mulheres afro-brasileiras, que pertencem às classes de renda mais baixa e que empreendem por necessidade. Números que preocupam ainda mais, quando estudos do Sebrae mostram que essas mulheres foram capazes de movimentar 2 milhões de reais no primeiro trimestre deste ano no Brasil.
Essa desvalorização revela a grande necessidade de que políticas públicas sejam criadas para facilitar ainda mais a presença e a permanência dessas profissionais no mercado de trabalho, de forma que elas não só consigam aumentar o seu networking, mas que consigam obter lucro e possam conciliar de modo saudável a carreira profissional, com os cuidados com a maternidade, cuidados com a família e bem-estar pessoal.