Nutróloga questiona liberação da OMS para consumo de leite de vaca por bebês entre 6 e 11 meses de idade

CRÉDITO: Freepik.

A mais recente publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) a respeito da nutrição infantil, no último mês de dezembro, provocou críticas da comunidade médica de boa parte do mundo. O Guia para alimentação complementar de bebês e crianças de 6 a 23 meses de idade tem como ponto polêmico a liberação do consumo de fórmula infantil e de leite de origem animal por bebês de 6 a 11 meses de idade que não tenham acesso ao aleitamento materno.

 

Dentre os profissionais que decidiram expor críticas ao órgão internacional está Maria da Consolação de Oliveira, médica especializada em nutrologia, fisiologia hormonal e medicina ortomolecular. Ainda que o documento da OMS reforce o aleitamento materno como único alimento apropriado para esta faixa etária, ela afirma que a abertura ao leite de origem animal vai na contramão de suas próprias prescrições anteriores ao desconsiderar os malefícios dessas fontes de nutrição para os bebês com menos de 1 ano de idade.

 

“É um retrocesso preocupante da OMS, que desconsidera todos os riscos que podem ser provocados pelo consumo de leite de vaca para o ser humano, principalmente em um organismo ainda em formação”, considera a nutróloga. Segundo ela, a ciência já sabe que bebês que consomem precocemente esse tipo de produto têm maiores chances de desenvolver diabetes mellitus tipo 1 e de sofrer alergias a determinados alimentos, contaminações e dificuldade de absorção de nutrientes como o ferro, o que pode levar a quadros de anemia. Além disso, eles se tornam mais propensos à obesidade e a problemas gastrointestinais.

 

Também merece atenção profissional o fato de o leite de vaca conter caseína, uma proteína que pode transformar-se em casomorfina. “Os estudos a respeito da casomorfina têm resultados impactantes. Já se sabe que ele pode contribuir para o aparecimento de doenças como o autismo e a esquizofrenia, e que, além de induzir ao vício do consumo de lácteos, provoca constipação, sinusite, entre outras formas de inflamação”, ressalta Consolação Oliveira.

 

“A OMS conhece, não é uma novidade para a comunidade médica internacional. Então me parece um relatório baseado muito mais numa questão social, para abraçar os casos de bebês que não têm acesso ao leite materno por uma questão de desnutrição ou porque a mãe não produz leite suficiente para atender às necessidades nutricionais da criança. Mas não é com essa relativização que se resolve o problema”, afirma.

 

“Existem outras opções que merecem ser apoiadas antes de partir para o consumo de leite de origem animal”, defende a nutróloga. “Há fontes alternativas que, na ausência do leite materno, funcionam melhor, como o leite de soja, exclusivamente para o caso das meninas, e também o leite de arroz, de amêndoas, dentre outros. Eles possuem nutrientes muito menos maléficos do que os do leite de vaca. Além disso, é necessário investir em políticas de apoio aos bancos de leite e criar incentivos para a doação. Na fila de soluções para a nutrição do lactente, o leite de vaca deveria aparecer em último lugar”, conclui.

 

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