Isolamento social intenso pode causar transtornos à saúde mental
O isolamento social impôs a várias pessoas uma mudança radical no estilo de vida. Muitos somaram o isolamento ocasionado pela Covid 19 ao medo extremo da doença, de ser contaminado e ter o mínimo contato físico com outras pessoas. Essa situação, entre outros fatores, acaba trazendo transtornos também à saúde mental da população.
São diferentes tipos de sofrimento que as pessoas que permanecem isoladas passam e poderão passar, mas destacam os grupos dos que tiveram perdas econômicas decorrentes da pandemia e as que foram internadas durante este período.
Isso porque, no caso do primeiro grupo, a pessoa que passou por consideráveis perdas financeiras e fechou as portas de algum empreendimento, por exemplo, pode passar por um baque tão grande que torne difícil recomeçar e ter esperanças em um futuro melhor e com as coisas dando certo.
“Neste caso, a pessoa tende a ficar confusa e desesperançosa, e passa a ver o isolamento até como refúgio para não encarar o mundo lá fora e passar por dificuldades novamente, que se intensificaram com a pandemia da Covid 19”, afirma o psiquiatra Bruno Brandão.
As pessoas que foram internadas, em sua maioria, passaram por experiências traumáticas, principalmente as que foram intubadas ou passaram por um tratamento intensivo. “Elas têm uma experiência próxima da morte, o que pode ocasionar sequelas. A depressão e risco de suicídio são um dos principais, além do desenvolvimento posterior de um estresse pós-traumático”, completa Bruno.
Esse tipo de dano do isolamento é como se fosse um isolamento psicológico, porque por mais que a pessoa já tenha passado pela situação mais difícil e esteja bem fisicamente, ela pode ainda ter medo do que a espera lá fora, e opta por permanecer em casa e em reclusão a maior parte do tempo possível.
Muitas pessoas se encontram em completa atividade remota, como o trabalho, as aulas e os cursos independentes. Neste caso, a dica é tentar desligar um pouco do online fora dos momentos que seja a sua obrigação. Encontrar outra atividade como ler um livro, pintar, tentar fazer você mesmo alguma reforma em casa, cozinhar, falar ao telefone, podem ser tarefas feitas dentro de casa sem necessitar a todo tempo de uma tela na sua frente, deixando até mesmo uma dor de cabeça ocasionada por elas de lado.
Tenho um amigo que está em depressão. Qual é a melhor forma de ajudar?
Neste caso, a melhor forma é abrir o jogo, explicar sobre o que está acontecendo e não deixar a depressão se aprofundar. O maior obstáculo é o preconceito e a falta de informação. É muito importante alertar que a pessoa não está bem e que precisa buscar ajuda profissional qualificada. É um período que precisamos de humildade para ter sabedoria em nossas decisões. Depois desta crise, o país não vai mais ser o mesmo.
Fonte: Bruno Brandão Carreira, médico psiquiatra. Especialização em dependência química pela unidade de álcool e drogas pela Universidade Federal de São Paulo – USP. É sócio fundador da associação brasileira de neuropsiquiatria. Atualmente atende em consultório próprio em BH e Três Marias – MG.