Macrocélula.
A dotART galeria abre a programação de 2022 com a exposição “Chassis” que apresenta à capital mineira o artista curitibano André Azevedo. Com cerca de 20 obras que , a mostra individual será lançada com visitas guiadas pelo artista, nos dias 15 e 16 de março, e fica disponível para visitação gratuita até 4 de junho.
A exposição apresenta um conjunto de trabalhos inéditos e ressalta a dimensão pictórica e escultórica da obra de arte têxtil. O título “Chassis” é referente ao suporte tradicional da pintura, a estrutura à qual o tecido da tela se estica. As obras dialogam diretamente com essa estrutura, por vezes tensionada sobre ela e por outras operando em fuga.
Foram selecionadas duas séries para a mostra: Captonês e Macrocélulas. André Azevedo articulou a composição das obras pensando no espaço em branco da galeria e mais da metade das obras apresentadas foram realizadas especialmente para esta mostra. “A cor branca será predominante no andar inferior, em diálogo com a iluminação fria do piso térreo e no segundo andar exploraremos uma cartela de cores fortes. O material primário escolhido foi o tecido de tela preparada com base de gesso e o linho. Aplicada sobre eles, nas obras coloridas, uma têmpera vinílica pigmentada com corantes têxteis e por vezes tinta óleo”, detalha o artista.
Wilson Lazaro, diretor artístico da galeria, explica que o cenário da arte está mudando e até a forma de apresentar os artistas, que não se encaixam em determinadas escolas ou movimentos, como é o caso de quem trabalha com tecido. Em 2022, as exposições da DotART vão seguir um caminho que vai além da obra, mas também ressaltando o fazer artístico. “São mostras que o artista tem algo a dizer muito além da obra, há uma mensagem envolvida. Esse é o novo mercado de arte, que está mais agressivo e antenado, mas também está mais lúdico e acolhedor. Vemos que esse movimento do fazer na arte atual está abrindo novas portas para as escolas de arte e movimentos que antes eram colocados de lado e é isso que veremos aqui na galeria neste ano”, destaca.
Sobre seu processo criativo, o artista explica que uma obra de arte têxtil pode transitar em diferentes linguagens. “Ela é pintura, pela sua capacidade de organizar nos planos as cores e as formas. É escultura pois o tecido possui sua própria topografia e se projeta, assim como os objetos escultóricos, mas também é poesia, pois suas máquinas – as máquinas têxteis no caso – organizam o som no tempo conforme as rimas de um poema. Partindo dessa observação eu me coloco a pesquisar a arte têxtil não só a partir das materialidades, mas também a respeito de todos os conceitos que ela envolve”, ressalta.
Lazaro considera que o trabalho realizado por André Azevedo é uma trama. “Ao longo da exposição, as obras envolvem o espectador, acolhem. São obras vivas que, de certa forma, abraçam. Acredito que esse é o caminho atual da arte”.
Sobre André Azevedo
André Azevedo (Curitiba, PR, 1977). Estudou Desenho Industrial na Universidade Federal do Paraná – UFPR, e é graduado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Desenvolve em um contínuo experimento técnicas construtivas têxteis e linguísticas, manipulando a matéria ordinária do mundo.
Sua pesquisa com tecidos parte de sua experiência pessoal e familiar com essa materialidade. A partir dessa vivência, Azevedo passou a entender o têxtil ao mesmo tempo como linguagem, conceito e materialidade, o que lhe possibilita inúmeras formas de interação com o mundo. O ponto de partida para realização de suas obras vem da própria etimologia da palavra texto e de uma citação recorrente entre vários autores: “Texto quer dizer tecido e uma linha um fio de um tecido de linho”.
O artista explora a estrutura da trama dentro do universo da contação de histórias, utilizando-se de noções de “fio da meada”, de “pano de fundo”, de “ponto sem nó”. O tecido é um ensejo para ater-se à ideia de que as coisas se dão por entrelaçamento: que seguem fenômenos de repetição, transmitem processos e consequentemente reavivam imagens. Azevedo parte da afirmação de que o tecido é meio porque ele está no meio – entre o homem e o mundo, e entre o mundo e todas as coisas que ele também reveste – e assim lança mão de diferentes suportes maleáveis, como livros, telas, vídeo e instalações sonoras.
O artista está em cartaz no ano de 2022 em importantes mostras coletivas, dentre elas destacam-se: Brasilidade Pós-Modernismo no Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília – Afinidades, no Museu Oscar Niemeyer em Curitiba e Máscaras: fetiches e fantasmagorias, no Paço das Artes em São paulo. Seus trabalhos figuram em importantes coleções, como MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro, MON –Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, e MAC PE – Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco.
Sobre a dotART
A dotART galeria foi criada pelo casal Feiz e Maria Helena Bahmed na década de 70, hoje dirigida por Leila Gontijo. É uma galeria de arte pioneira na divulgação e promoção da arte em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais, apresentando uma arte vanguardista com grandes apostas para o cenário cultural da cidade como Volpi, Ianelli e Mabe e Tomie Ohtake.
Fez de seu espaço um lugar para ser, pensar, produzir, experimentar, celebrar e comercializar a arte de uma forma poética. Isso possibilita, ao longo de sua trajetória, uma maior eficácia na relação entre o espectador e o objeto de arte em foco.
Através da sua programação de exposições constantemente, apresentou aos mineiros um elenco de criadores com diferentes linguagens e suportes. Crê que cada objeto de arte é um canal factível com potência de irradiar cultura, e amplia o seu campo de ação ao estimular a rede de colecionadores, arquitetos, decoradores e amantes da “Arte” com a qualidade e o frescor das criações dos seus artistas.
A larga experiência e seriedade na parceria com novos valores fizeram da galeria também um posto avançado da produção mais atual da arte no Brasil e no mundo. Ao longo desses 40 anos, vários artistas já passaram pela galeria, que tem um acervo cuidadoso e especial que transita entre o acadêmico, moderno e o contemporâneo
SERVIÇO:
Exposição Chassis – André Azevedo
Abertura: 15 e 16 de março, com visitas guiadas e conversas com o artista das 11h às 12h e das 15h às 16h
Visitação: de 15 de março a 4 de junho.
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 9h às 18h | sábado, das 10h às 13h
Local: dotART galeria (rua Bernardo Guimarães, 911, Savassi, Belo Horizonte)
Entrada gratuita
Informações: (31) 3261-3910